Por Reinaldo Domingos 

O percentual de famílias brasileiras endividadas subiu para 56,2% e o de inadimplentes (com dívidas ou contas em atraso) para 23% em fevereiro deste ano em comparação ao mês anterior, segundo levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O primeiro passo para sair dessa situação é conhecer o tamanho real da dívida.

A parcela da população que faz parte desses índices se vê sem rumo e, muitas vezes, com medo de encarar o problema, o que não ajuda em nada, muito pelo contrário, prejudica o processo de recuperação da vida financeira. Portanto, o momento é de cautela; é preciso saber exatamente onde está o problema, qual o tamanho da dívida.

É importante, acima de tudo, saber que o sonho não acabou; isso é, mesmo com dívidas, ainda é importante estabelecer sonhos de curto, médio e longo prazos. É preciso repensar o orçamento mensal e criar uma estratégia para sair das dívidas, ou seja, definir o quanto poderá guardar por mês para quitá-las sem que acabe tendo que fazer outra dívida.


Portanto, é preciso evitar o desespero e buscar reverter essa situação, sabendo que muitas já conseguiram aprendendo a respeitar o dinheiro e viver com os rendimentos que possuem. É válido considerar aproveitar a possibilidade da portabilidade de crédito, tendo ciencia que, em alguns casos, a negativação do nome pode ser a melhor estratégia.

Mais importante do que lidar com as consequências, é corrigir a causa do problema. Só assim conseguirá sair da situação e nunca mais voltar. Portanto, corrija seus comportamentos errôneos em relação ao uso e a administração das finanças. Muitas vezes, esses hábitos estão enraizados, então procure também se informar, para ter consciência do tamanho dos juros que acaba pagando quando se endivida.


Veja 5 passos para fugir do endividamento e da inadimplência:
Questione-se

Antes de realizar qualquer compra, se faça algumas perguntas como “Eu realmente preciso desse produto?”, “O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?”, “Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência, baixa autoestima ou influência de terceiros?”. Ao fazer isso, terá uma grande surpresa sobre a quantidade de coisas que adquirimos apenas por impulsividade, gastando além do que podemos.
Tenha ciência dos números

Só é possível saber se você pode se comprometer com um valor de uma compra a partir do momento em que sabe os detalhes de seu orçamento. Parece estranho, mas muita gente não sabe exatamente quanto ganha por mês, especialmente aqueles que possuem renda variável. Isso é muito perigoso, uma vez que, se não sabe quanto ganha, não sabe o limite de quanto pode gastar e muito menos pode fazer um planejamento adequado.
Faça um apontamento de despesas

Durante 30 dias, anote todos os gastos que fizer – inclusive os de menor valor, como cafezinhos e gorjetas –, separando-os em categorias. Por exemplo: restaurante, vestuário, carro, guloseimas, etc. Dessa maneira, será fácil identificar com o que se está gastando e poderá realizar os ajustes necessários (redução ou até mesmo corte). Muitas vezes, o desequilíbrio financeiro vem das despesas de menor valor, que não costumamos dar importância.
Poupe primeiro, compre depois

Um hábito que a maioria das pessoas não tem é o de guardar dinheiro antes de gastar. Tem algo em mente que quer comprar? Ótimo, pesquise preço e comece a juntar recursos, para conseguir pagar à vista. Além de conseguir um preço melhor por conta de descontos, evitará acumular parcelas que nunca acabam e comprometem o orçamento financeiro de boa parte do ano.
Sonhe mais

As pessoas estranham quando eu falo que sonhar mais ajuda a evitar endividamento e inadimplência. Mas faz sentido, porque, quando temos objetivos bem definidos, adquirimos foco e disciplina, pra gastar menos com coisas supérfluas do dia a dia, que não agregam valor à vida. São os sonhos que nos movem e eles são a chave para uma mudança de postura em relação ao consumo, com eles aprendemos a priorizar.

Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Diário dos Sonhos e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.