O Governo Rollemberg, em seus 8 meses de existência (contando com os dois da transição), pelo menos em um quesito já superou com folga aos seus antecessores: a capacidade de se envolver em confusão.

Desde o fechamento das urnas e o anúncio da sua eleição, Rodrigo Rollemberg tem colocado a sua gestão no olho de um furacão. O caos apresentado pelo governador, que começou com o anuncio de um rombo financeiro da gestão anterior que até hoje ainda é contestado, foi apimentado com a tentativa de censurar servidores da educação, censura de jornais no Buriti, anúncio da demissão de servidores concursados, prepotência e truculência de servidores declarações infelizes de parentes e várias outras trapalhadas de assessores e colaboradores.

Em uma dessas infelizes ocasiões, o presidente da ASVECOM – associação de jornais comunitários – Salvador Serapião ficou surpreso com a declaração da Chefa da Publicidade do GDF, de que a Emenda a Lei Orgânica- ELO 74, votada e aprovada nos dois turnos regimentares pelos deputados distritais da Câmara Legislativa, é uma balela e que o governo não pretende cumprir.

Salvador denunciou esta infeliz declaração no plenário da CLDF por ocasião da Sessão Solene em homenagem ao Blogueiro, na presença de vários jornalistas, na presença de um estarrecido deputado federal Rogério Rosso e de uma decepcionada deputada distrital, Luzia de Paula, a autora do PELO 51, que passou a ser a ELO 74 após a aprovação pelos seus colegas da Casa.

Uma das confusões da gestão Rollemberg, a mais recente, provocada por um assessor trapalhão, tumultuou ainda mais a já complicadíssima relação do governo com a Câmara Legislativa. A gravação clandestina e não autorizada do teor de reunião entre distritais e Rollemberg e a divulgação destas gravações produzidas dentro do gabinete do governador enfraquecem ainda mais o Governo do Distrito Federal. É um sinal evidente, de falta de comando ou de excesso de comandantes no GDF, sem controle, sem diretriz e sem nenhuma coordenação.

O teor das conversas gravadas não traz novidades. A não ser pela risível tentativa do deputado distrital Juarezão de se esquivar de sua expressão chula e inadequada de “dividir o bolo em partes iguais”, é notória e antiga a pratica de abrir espaço no governo para parlamentares, negociando cargos públicos. Como exemplo, há pouco menos de um mês, Celina Leão anunciou o rompimento com a base do governo, entre outros motivos, porque o governo atual não exonerou servidores remanescentes do governo Agnelo que ainda estão em vários cargos de 2º e 3º escalão na estrutura do GDF e não ocupou estas posições com indicados pelos parceiros e aliados. E não é que ela tem razão.

E também não há nenhuma estatística que fundamente a aversão do governo atual em ocupar secretarias e cargos de comissão com parlamentares ou pessoas ligadas a eles. Os recentes escândalos envolvendo gestões públicas demonstram que, políticos ou técnicos, todos os que desviaram recursos públicos, são farinha do mesmo saco, independentes de partidos, ideologias ou formação acadêmica. 
A postura firme e enérgica da presidente da Câmara Legislativa em relação ao teor das gravações aumenta ainda mais o desconforto do governador. Celina não negou que a voz nas gravações seja sua e que tenha acontecido a tal reunião, mas exige que Rollemberg tome uma atitude forte para trazer de volta a moralização de seu governo.

Concluindo, o problema de Rollemberg não está na Câmara Legislativa. Está do outro lado praça, na sua própria casa.