O Corpo de Bombeiros conseguiu posse da aeronave que fará parte da frota da corporação para serviços de resgate, combate a incêndios e transporte de órgãos
Por Jéssica Antunes
“Uma aeronave que era utilizada para o mal agora servirá para salvar vidas”. É assim que Emilson Ferreira dos Santos, comandante do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), define a mais nova aquisição da corporação. Um helicóptero apreendido pela Polícia Federal com cerca de meia tonelada de drogas foi cedido para integrar a frota de salvamento dos militares da capital sem custar um centavo à administração pública. A previsão é que ele esteja pronto para voar em duas semanas.
Nos últimos dias, a corporação retirou o termo de autorização de uso na 5ª Vara Federal de Presidente Prudente, em São Paulo, das mãos do Juiz Federal Bruno Santhiago Genovez. A aeronave Eurocopter modelo EC 130B4 foi apreendida em abril durante uma operação. A requisição do CBMDF concorreu com outros dez interessados.
Para convencer o juiz, o coronel Emilson e o comandante do Grupamento de Aviação Operacional, João Antonio Menegassi Neto, foram pessoalmente a São Paulo. Em audiência, ocorrida há cerca de um mês e meio, eles valorizaram o potencial para salvamentos. “É o mesmo modelo utilizado pelos paramédicos dos Estados Unidos, então é uma aeronave totalmente adaptável para esse tipo de serviço”, explicou o coronel.Comandante do CBMDF, Coronel Emilson Ferreira dos Santos estima que avião entrará em serviço em duas semanas. Foto: Renato Araújo/Agência Brasília
O novo equipamento é um modelo intermediário dos dois helicópteros que a corporação tem em frota. Por isso, já há mecânicos habilitados e pilotos familiarizados.
De acordo com o comandante do CBMDF, a aquisição veio em boa hora. Uma das aeronaves usadas para ocorrências sairá de circulação para passar por uma grande manutenção, com previsão de conclusão em seis meses.
O helicóptero não vai sair em serviço imediatamente. Legalmente, os militares pilotos precisam ter uma nova habilitação. O treinamento ficará por conta de um piloto da Polícia Civil. A partir disso, também é preciso transferir a posse para o CBMDF. A expectativa é que em duas semanas a aeronave possa levantar voo para ajudar a população do DF.
“É uma aeronave que será rapidamente configurada para missões aeromédicas, vai somar no serviço de resgate e de combate a incêndios florestais. Também vai entrar imediatamente no transporte de órgãos. Com certeza será um ganho muito grande para a população. O equipamento passou por revisão no ano passado e terá boa durabilidade”, valorizou o tenente-coronel Menegassi.
Enviados ao Pantanal
A apresentação da nova aeronave aconteceu durante homenagem a 34 bombeiros militares que fizeram parte da força-tarefa no Pantanal. Foram 13 dias de serviço intenso no Mato Grosso do Sul, com uma estimativa de 600 focos combatidos diariamente. “Sensação é de dever cumprido”, define o comandante da operação em solo sul-matogrossense, o tenente-coronel Domingos Márcio Pereira da Silva.
“Quando chegamos encontramos uma tropa desgastada após dez dias em combate. Lá nós fizemos equipes mistas em três frentes”, recorda. De acordo com ele, os militares especializados em incêndio florestal e experiência em operações fora do DF enfrentaram o desafio de atuar em um novo bioma.
Entre os principais desafios, o comandante da operação destaca a dificuldade para deslocamento. “Tinha local que só dava para chegar de barco e o trajeto era feito em dois dias. Depois que conseguimos as aeronaves, conseguimos chegar em 20 minutos”, conta. “O trabalho foi tão bem feito que queriam que ficássemos por mais duas semanas para que repassássemos nossas técnicas para os bombeiros da região”, revelou.
Representando a Secretaria Nacional de Defesa Civil, o tenente-coronel Paulo José enalteceu a atuação dos militares do DF. “Foi uma briga forte que tivemos para mostrar a importância da ida de profissionais desse nível para uma atividade perigosa como aquela e que tomou conta de boa parte do país. Toda vez que a tropa daqui sai é só elogio pela dedicação Foi uma porta aberta para outras operações”.
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