Prestes a sediar jogos olímpicos de futebol, Brasília ainda não entrou no clima da competição. No comércio e pontos turísticos da cidade, o movimento é fraco, quase desanimador. Diferentemente do que aconteceu na Copa do Mundo, a expectativa de muitos empresários é pequena. Por outro lado, uma minoria tenta se manter otimista e até aposta em novidades para melhor atender o público estrangeiro.

A influência da abertura da Olimpíada, marcada para a próxima sexta-feira, nos bares e restaurantes da capital é uma icógnita. Segundo Afranio Cordeiro, gerente do Fausto & Manuel do Sudoeste, não houve necessidade de reforçar a equipe até o momento. “O movimento está igual aos dias normais. Nossa única mudança foi na escala dos funcionários. Não precisamos contratar ninguém. As mudanças foram feitas para a Copa. O legado ficou”, contou. Atualmente, o estabelecimento conta um quadro de 62 profissionais.

Ao lado desse bar, o restaurante Espaço Sudoeste também não precisou fazer alterações. “O movimento está morno em relação à última competição. Na Copa, tivemos de contratar freelancer para dar conta da demanda e colocar televisões extras. Até agora, não sentimos a mesma urgência. Se houver, vamos ter que nos adequar em cima da hora”, completou o proprietário Zélio Vargas.

Onde há otimismo

Já no Primeiro Bar, o gerente Jean Soares Melo se antecipou. “Estamos adotando a mesma postura do campeonato passado. O cenário ainda não é favorável, mas esperamos receber muitos turistas. Reforçamos o atendimento com o dobro de funcionários, logo teremos cerca de 20 garçons a mais. Faremos uma experiência na primeira disputa na cidade. Queremos ter uma base para saber se haverá necessidade mesmo dessa quantidade profissionais. Caso contrário, vamos dispensar o serviço extra”, disse.

A equipe também foi treinada a falar em inglês. “Isso é herança da Copa. Por sorte, ainda estamos com os mesmos atendentes”, acrescentou. A programação musical foi modificada de acordo com os horários dos jogos. “Vamos ter música ao vivo durante o dia, mais cedo do que o normal. A ideia é que os turistas se sintam atraídos antes das disputas. Por enquanto, está tudo parado, por isso temos que investir. Na Copa, tivemos um acréscimo de 50% no faturamento”, concluiu.

Saiba mais

Ontem, o movimento era fraco nos principais pontos turísticos da cidade. Embora houvesse turistas na Esplanada dos Ministérios e na Torre de TV, eles não estavam na cidade em virtude dos Jogos Olímpicos.

Na próxima quinta-feira, o Mané Garrincha será palco de dois jogos. São eles: Iraque x Dinamarca e Brasil x África do Sul. Já no domingo, a disputa será entre Dinamarca x África do Sul e Brasil x Iraque.

Na terça-feira (9), será a vez da seleção feminina. Os jogos são Alemanha x Canadá e China x Suécia.

Manutenção do quadro, mas sem reforço

No Versão Brasileira, um dos bares mais movimentados da Asa Sul, a expectativa para os Jogos Olímpicos é positiva. Não por acaso, o gerente Ruben Vieira decidiu adiar algumas demissões que iriam ocorrer recentemente, mas nada de reforço. “Elas (demissões) vão acontecer, mas agora não é o momento. Como não sabemos o tamanho da nossa demanda, preferimos ficar com o quadro completo. Hoje, temos um total de 40 profissionais trabalhando”, esclareceu.

O estabelecimento também se preocupou em oferecer cardápios em braile e em inglês. Além disso, um dos funcionários da casa é fluente na língua. “Toda essa adaptação foi feita na Copa. A herança ficou para os turistas da Olimpíada”, completou. Ele lamenta, no entanto, que o movimento ainda esteja fraco. “Acreditamos que os clientes vão aparecer depois, não na primeira semana das disputas. Entendemos que a grandiosidade das competições é diferente, mas, ainda assim, esperamos um retorno bom”, relatou.

Ruben completou que as escalas dos garçons foram modificadas com base nos jogos que vão acontecer na capital, assim com os horários de funcionamento do bar. A estrutura do espaço também ganhou reforço. “Vamos colocar mais um ponto de TV a cabo e três novas televisões. Dessa forma, o cliente poderá assistir várias modalidades ao mesmo tempo. Essa foi a nossa preocupação desde o início”, concluiu.
Foto: Kleber Lima

Manuela Rolim
manuela.rolim@jornaldebrasilia.com.br