O Ribeirão Sobradinho foi destaque no debate. Potável há algumas décadas, o corpo hídrico tornou-se impróprio para o banho.

A Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara Legislativa do Distrito Federal promoveu, na tarde desta sexta-feira (21), uma reunião pública para debater os problemas ambientais de Sobradinho e da região norte do DF. O evento foi presidido pelo deputado Leandro Grass (Rede) e contou com a presença de representantes de órgãos de fiscalização e ativistas ambientais.

Uma das principais questões em pauta foi o estado do Ribeirão Sobradinho. Há algumas décadas, o corpo hídrico, que é uma das nascentes do Rio Paranaíba, era potável, contudo, com o passar dos anos se tornou poluído demais. Ainda assim, a população local faz uso do córrego, como para irrigação de plantações próximas. Atualmente, o ribeirão é classificado como Classe 3, o que significa que é totalmente impróprio para banho e consumo e permite que a água tratada pela Estação de Tratamento de Esgoto de Sobradinho seja despejada no rio.

Junto com a água tratada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal, esgotos clandestinos também são despejados na bacia, o que aumenta ainda mais a poluição e o risco de mudar a classificação para Classe 4, que significa que o tratamento da água é quase impossível. Para remediar a situação, ambientalistas querem não só fazer a manutenção do rio para mantar sua classificação, mas, também, aumentá-la para a classe 2, que é própria para recreação e consumo, mediante tratamento convencional. Para tal, tem sido desenvolvido um estudo aprofundado, o Plano de Recursos Hídricos, para esclarecer quais ações devem ser usadas para a recuperação.

Outro tipo de poluição que afeta a hidrografia do local é o transbordo de lixo e entulho jogado em uma área do Polo de Cinema e Vídeo próxima a nascentes do ribeirão. Ocasionalmente, órgãos governamentais realizam uma limpeza, contudo, como a população e negócios locais prosseguem com o descarte inadequado de seus resíduos na região, algum tempo depois, o lixo retorna. O chorume produzido pela decomposição dos materiais, inclusive rejeitos perigosos como metais pesados, afetam o solo e, consequentemente, lençóis freáticos e bacias próximas.

Mais um problema identificado na reunião foi uma voçoroca que fica próxima a um residencial localizado perto da cabeceira do córrego Sobradinho. O fenômeno geológico começou a ocorrer em 2015 e desde então tem aumentado. Por não ter cumprido o acordo de compensação ambiental, o Condomínio Alto da Boa Vista, construído em uma região propensa a erosões, teve sua licença ambiental revogada.

Sobre os danos apontados, o diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF, Paulo Salles, afirmou que a fiscalização tem sido realizada de forma efetiva e declarou ser necessária uma ação conjunta entre órgãos governamentais, entidades e coletivos ambientais independentes e a sociedade em geral. Ele defendeu o diálogo entre outras instituições, como a Caesb, e reiterou a importância do Plano de Recursos Hídricos em futuras tomadas de decisões. Já Humberto Wanderley, superintendente de fiscalização do Instituto Brasília Ambiental, frisou que há uma divisão sobre a responsabilidade na fiscalização que cada órgão possui e disse que, assim que possível, irá solicitar uma reunião com o presidente do Ibram, Edson Duarte, para discutir mais a fundo as soluções.

Como encaminhamentos, Grass afirmou que a Frente Parlamentar Ambientalista irá acompanhar os futuros encontros do coletivo SOS Ribeirão e também vai requisitar uma reunião com promotores do Ministério Público. Além disso, destacou a importância da criação de um minucioso plano de recuperação hidrográfica. Por fim, o parlamentar convidou os presentes para a sessão solene do Dia da Água no dia 23 de março e disse, aos representantes de entidades ambientais, estar aberto ao desenvolvimento de ações voltadas à região norte de Brasília durante a Semana da Água.

Victor Cesar Borges (estagiário)
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa