Workshop reúne Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul para trocar experiências sobre a importância do leite humano e os reflexos da amamentação na saúde pública.
Agência Brasília

Representantes dos países que formam o Brics conhecem a realidade dos bancos de leite do DF. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

O Distrito Federal sedia até esta sexta-feira (30) o 1º Workshop Brics sobre Banco de Leite Humano. O evento reúne representantes dos cinco países que compõem o grupo: Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul. Brasília foi escolhida para sediar a troca de experiências sobre a importância do leite humano na saúde pública por um motivo especial: o Distrito Federal é o único lugar no mundo com 100% de cobertura de bancos de leite e postos de coleta nas unidades públicas e privadas de saúde com UTI neonatal.

“Sermos referência mundial é algo que muito nos orgulha. Mas o melhor mesmo é termos os reflexos positivos desta política de incentivo à amamentação, que são crianças, mães e famílias mais saudáveis”, discursou a primeira-dama do DF, Mayara Noronha, durante a abertura das atividades do workshop na sede da Fiocruz, na manhã desta quarta-feira (28).

O diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o embaixador Ruy Pereira, lembrou que o encontro é um marco para a construção de uma política mundial de incentivo a uma vida mais saudável desde o nascimento. “A criação dessas redes de banco de leite tem um impacto extraordinário na saúde pública e, o DF pode provar isto”, destacou.

Ruy Pereira propôs que ao final dos trabalhos desta semana, os representantes do Brics elaborassem um documento unificado para “ampliar a presença de bancos de leite pelos continentes”. “O Brasil gostaria que pudéssemos adotar um primeiro acordo internacional dentro do Brics sobre os bancos de leite”, afirmou.

Prevenção
O desejo do diretor da ABC foi reforçado pelo secretário de Saúde, Osnei Okumoto, que destacou a importância da amamentação. “O leite materno é, acima de tudo, preventivo contra doenças. É bom para a saúde da mãe, do filho e, também, para desafogar o sistema de saúde pública”, contou.


O leite materno é, acima de tudo, preventivo contra doenças. É bom para a saúde da mãe, do filho e, também, para desafogar o sistema de saúde públicaOsnei Okumoto, secretário de Saúde

Durante os três dias de workshop, os países membros do Brics terão a oportunidade de conhecer o modelo brasiliense de Banco de Leite Humano. Segundo o secretário de Saúde, serão feitas visitas exploratórias a pelo menos uma das dez instalações existentes na rede pública do DF. Lá, os representantes dos países amigos poderão acompanhar as ações de estímulo e promoção da amamentação materna, o sistema de coleta domiciliar, o processamento do leite humano, seleção e a distribuição para os bebês de baixo peso.

Referência
Não é apenas a presença de 100% de bancos de leite e postos de coletas nas unidades de saúde com UTI neonatal que o Distrito Federal se destaca. Aqui, as mulheres amamentam mais que em outros lugares.

Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), em âmbito global, apenas 36% das crianças de zero a seis meses de vida foram amamentadas exclusivamente com leite humano entre 2007 e 2014. No DF, esse índice é quase o dobro. “A última pesquisa que fizemos mostra que 60% das crianças nessa faixa são exclusivamente alimentadas com leite materno”, explica a Coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno do Distrito Federal, Mirian Santos.

Ela ainda destaca que quando a pesquisa avança para crianças com mais de um ano de idade, os índices se mantém. “Entre 58% e 59% de crianças continuam sendo amamentadas apesar de comer comida de sal e frutas”, explica.

Rede Nacional
Atualmente, o Brasil comporta a maior e mais complexa Rede de Bancos de Leite Humano do mundo, com 225 unidades presentes em todos os estados, além do Distrito Federal. A título de comparação, no âmbito do Brics, até 2017, reunidos Rússia, China, Índia e África do Sul totalizaram cerca de 100 Bancos de Leite Humano, regidos sob as mais diversas formas de operação.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que apenas em 2018, a rede brasileira alimentou 184.595 recém-nascidos internados em unidades de terapia intensiva/semi-intensiva neonatais com 160.127,2 litros de leite pasteurizado, de qualidade certificada, envolvendo a participação de 181.893 mulheres doadoras.