Verdes, marrons, azuis e brancas, elas se incorporaram ao projeto arquitetônico da capital, direcionam quem circula pela cidade e tem curioso processo de produção.
Agência Brasilia
Em 1976, o arquiteto Danilo Barbosa coordenou o projeto das placas de endereçamento de Brasília | Foto: Vinícius de Melo / Agência Brasília
O ano era 2010. O servidor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação Danilo Barbosa foi procurado pelo diplomata André Correa do Lago. Atualmente embaixador do Brasil na Índia e no Butão, Correa do Lago sugeriu ao então arquiteto do Governo do Distrito Federal (GDF) Danilo Barbosa submeter ao comitê de design do Museu de Arte Moderna (Moma) de Nova York seu mais arrojado projeto: o da sinalização urbana de Brasília.
O totem das quadras modelo da Asa Sul ganhou o Moma e é uma das obras permanente do famoso museu de Nova York | Foto: Vinícius de Melo / Agência Brasília
Foram dois anos de estudos, preparo de peças, projeções e plotagens até que o totem azul que identifica a direção das superquadras modelo (107/ 307, 108/ 308 Sul) foi escolhido: virou peça do acervo permanente de um dos maiores e mais importantes museus do mundo.
A obra que foi parar em Nova York é só uma da família das placas de endereçamento da cidade. O número é variado e as mais vistas – e, por que não, mais famosas! – são as verdes, marrons e azuis. Se está direcionando o cidadão para um destino, a cor é verde e a seta branca é para baixo. Se já se está no local, o fundo é azul. Pontos turísticos são indicados no fundo marrom.
Padrões
O trabalho desenvolvido pelo arquiteto e sua equipe na Codeplan – quando ele ainda tinha 27 anos, em 1976 – transformou-se em um estudo minucioso que foi desde a escolha das cores à fonte das letras. Passando pelo alinhamento das placas, altura em que devem ser afixadas, quantidade de informações e até o formato das setas (sim, repare, elas são únicas e com designarrojado).
“É o projeto mais completo de sinalização urbana já desenvolvido no país”, destaca o pai das placas – que viraram ícones de Brasília e são reproduzidas como souvenires e até camisetas. Mesmo aposentado, ele faz consultorias e palestras sobre o projeto das placas de endereçamento da capital.
Acho legal a apropriação das imagens como um reconhecimento de que elas se transformaram em um ícone da cidadeDanilo Barbosa, arquiteto
O alfabeto adotado é da família Helvética, nas versões medium, light itálica e bold. Essas fontes são utilizadas no Plano Diretor de Sinalização do DF por suas características de desenho que proporcionam excelente legibilidade.
Todos os desenhos das placas foram feitos à mão. Quando a sinalização foi projetada, cerca de 400 modelos foram concebidos.
Altura
A altura do suporte foi pensada para atender pedestres e motoristas, com informações de fácil captação a uma velocidade de até 80 km/h. Em frente aos blocos residenciais das asas Sul e Norte, o formato de prisma permite que a letra de cada um deles seja identificada de diversos pontos de observação.
Linha de produção das placas é responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal. Foto: Vinicius de Melo / Agência Brasília
Há ainda as placas em pontos turísticos com informações sobre o local e desenhos desenvolvidos especialmente para Brasília.
“No manual padrão usado para identificação de igrejas no Brasil, por exemplo, a imagem é de uma construção barroca. As daqui, como a Catedral e a Igrejinha [Igreja Nossa Senhora de Fátima, na 307/308 Sul], têm ícones próprios do modelo da construção”, explica Danilo.
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