Ministério da Saúde informou que casos da doença já ultrapassam 450 mil. Oito estados e o DF vivem epidemias localizadas.

Por G1

Aedes aegypti — Foto: Raul Santana/Fundação Oswaldo Cruz/Divulgação

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (30) novos dados sobre dengue, zika e chikungunya. Até o dia 13 de abril de 2019, foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

No mesmo intervalo de 2018, os casos registrados chegaram a 102.681.

Ainda segundo o boletim do ministério, 994 municípios apresentam alto índice de infestação, com risco de surto para dengue, zika e chikungunya.

Rodrigo Said, Coordenador Geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças Transmitidas pelo Aedes, informou durante coletiva de imprensa que a maioria dos casos está na região Sudeste, principalmente em São Paulo e Minas.

"O ano de 2019 tem sido caracterizado pelo aumento de casos. O cenário geral para dengue são de 451.685 casos prováveis da doença. Sendo 65% dos casos registrados na região sudeste, principalmente pelo nas regiões de São Paulo e Minas Gerais", disse em entrevista coletiva.

Segundo ele, os casos prováveis são os que foram notificados e levam em conta, também, casos já descartados.

Epidemia localizada

Oito unidades federativas tem incidência superior de 300 casos por 100 mil habitantes, número preocupante. Tocantins tem o maior número de incidência de casos de dengue. Seguido de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Acre, Espírito Santo, São Paulo, Distrito Federal. O Paraná tem incidência acima de 100 casos por 100 mil habitantes.

Questionado se estes estados e o DF vivem epidemias da doença, Said alerta que os números indicam epidemia, mas pede cautela: "Quando a gente olha para estes estados, sabemos que alguns são muito grandes então nem toda área terá epidemia. O dado do estado é muito agregado", alerta Said.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, disse que o país não vive uma epidemia generalizada da doença: “Mesmo com aumento no número de casos da doença, a taxa de incidência de 2019 está dentro do esperado para o período. Sendo assim, até o momento, o país não está em situação de epidemia, embora possa haver epidemias localizadas em alguns municípios e estados”, disse.

Segundo Said, o aumento do número de casos de dengue mesmo fora do verão, época de proliferação do mosquito aedes aegypti, se deve a alguns fatores: "Nos últimos dois anos o país passou por períodos fora da sua sazonalidade, com redução de casos, e, desde o ano passado, as condições ambientais foram propícias para a proliferação dos mosquitos com aumento de temperatura e mais chuvas".

Mapa mostra a situação da dengue pelos estados — Foto: Arte/G1

Sorotipo diferente

Said alerta para o retorno do sorotipo 2, que há bastante tempo não era identificado no país e a mudança deixa a população mais suscetível. Mais de 85% dos casos avaliados eram do sorotipo 2, quando nos últimos anos não passavam de 5%.

"Em dengue, quando há mudança do sorotipo circulante, há aumento do número de casos. Nos últimos anos, os tipos 1 e 4 eram predominantes, no final do ano passado o sorotipo 2 começou a prevalecer", explicou Said.

Zika e Chikungunya

Foram registrados 3.085 casos de Zika em todo o país, com incidência de 1,5 casos para cada 100 mil habitante. Não foram registradas mortes pela doença.

A chikungunya tem incidência de 11,6 para cada 100 mil, sendo 24. 120 casos registrados. Houve uma redução quando comparado com o mesmo período do ano passado e também não foram registradas mortes.

Segundo Said, o vírus da chikungunya é bastante localizado e não teve uma dispersão nacional.