Com o slogan "No trânsito, o sentido é a vida", a campanha busca envolver a todos na construção de um trânsito mais seguro.

O Brasil ocupa o quinto lugar entre os recordistas em mortes no trânsito, atrás da Índia, China, EUA e Rússia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Visando a chamar a atenção para esses números e reduzir os acidentes de trânsito, surgiu em 2014 o movimento "Maio Amarelo". A iniciativa – que começou no Brasil e se expandiu para outros países – foi tema de comissão geral na Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta quinta-feira (16). Com o slogan "No trânsito, o sentido é a vida", a campanha busca envolver a todos na construção de um trânsito mais seguro.

À frente da comissão geral, o presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da CLDF, deputado Valdelino Barcelos (PP), disse que o "Maio Amarelo" é importante para alertar para os altos índices de mortos e feridos no trânsito. Ele explicou que a cor amarela foi escolhida por representar "atenção", como acontece no caso da luz dos semáforos.

Na abertura da comissão geral, foi exibido o vídeo da campanha, em que crianças de várias idades aconselham os pais a fazerem sua parte quando estiverem ao volante. Entre os conselhos estão: não usar celular, não ingerir bebidas alcóolicas, prestar atenção à velocidade da via, respeitar os pedestres e ciclistas, entre outros. Recomendações semelhantes também foram dadas por alunos da Escola Classe 411 Norte, os quais levaram para o plenário da Casa uma apresentação musical sobre regras de segurança no trânsito.

Essa participação das crianças na comissão geral foi elogiada por vários presentes. "A juventude pode mudar o panorama atual; por isso, os departamentos de trânsito têm de investir em educação. E não é campanha de um ou dois meses, a educação tem de ser um processo contínuo", pregou Fábio Medeiros, presidente do Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran/DF). O sindicalista apontou ainda que, todos os anos, cerca de 35 mil pessoas morrem no trânsito no Brasil e que, na maior parte dos casos, a responsabilidade é do motorista: "Tem via mal sinalizada, tem buraco, mas em 90% dos casos a culpa é do condutor".

Diretora de Educação do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Jucianne Nogueira também aposta em investimentos em educação – tanto para quem ainda não dirige como para os motoristas – para reduzir o número de mortes e acidentes nas vias e rodovias. "A mudança de hábitos só vem com a consciência de cada um", afirmou. Segundo ela, o órgão investe em campanhas educativas o ano inteiro, e cerca de 240 crianças participam, diariamente, do projeto Transitolândia – escola vivencial de trânsito.

Fiscalização e educação – Além de reforçar a importância do processo educativo, o coronel Alexandre Sousa Oliveira, da Polícia Militar do DF, insistiu ser preciso realizar ações de fiscalização. Para ele, um trânsito mais seguro deve passar, necessariamente, pelo que chamou de "binômio fiscalização e educação".

Para exemplificar a importância desse "binômio", o secretário de Transporte e Mobilidade, Valter Casimiro Silveira, lembrou o trabalho feito nas faixas de pedestre do DF. "Hoje Brasília é tida como a cidade que respeita a faixa. Isso por conta de educação e fiscalização", disse.

Já o diretor de Educação de Trânsito do Detran, Marcelo Granja, destacou que, nos primeiros 100 dias do ano, o número de acidentes caiu 19% no DF. Para continuar melhorando as estatísticas, ele defendeu uma atuação integrada entre os diversos órgãos do governo – Detran, DER, PM e outros – e a sociedade civil. Assim como ele, o deputado Hermeto (MDB) disse que todos precisam "ser irmanar" por um trânsito mais seguro.

O movimento – Representando o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o servidor do Detran Artur Magalhães explicou que o "Maio Amarelo" surgiu no Brasil em 2014, inicialmente como uma iniciativa da sociedade civil para fazer frente aos altos índices de violência no trânsito. Conforme expôs, o amarelo foi escolhido por ser a cor da advertência no trânsito, e o laço – símbolo do movimento – representa algo a se engajar. "Esse é um produto brasileiro que já foi exportado para 29 países de todo o mundo", apontou. Sobre a campanha deste ano, Magalhães disse que o intuito é levar para dentro de casa a conscientização, partindo das crianças.

Dados

- Segundo a OMS, cerca de 1,35 milhão de pessoas morrem a cada ano em decorrência de acidentes no trânsito;

- As lesões ocorridas no trânsito são a principal causa de morte entre crianças e jovens de 5 a 29 anos, revela a OMS;

- Pedestres, ciclistas e motociclistas respondem por mais da metade de todas as mortes no trânsito;

- No Brasil, as três principais causas de morte no trânsito são: excesso de velocidade, consumo de álcool e utilização do celular.

Denise Caputo
Fotos: Carlos Gandra/CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa