Grupo vai monitorar implantação do novo modelo.

A Frente Popular em Defesa das Escolas Parque lançou um manifesto para mobilizar a população e protestar contra o fim das atividades de educação física e artística nessas escolas. O manifesto ocorreu durante audiência pública na manhã desta quarta-feira (22) no plenário da Casa. Os participantes criticaram o novo modelo do governo, o qual será adotado a partir de março deste ano, que extingue os serviços das sete escolas parque do DF, no processo de implementação das escolas de tempo integral.


De acordo com a frente, cerca de oito mil alunos ficarão sem direito às escolas classe, cinco no Plano Piloto, uma em Ceilândia e uma em Brazlândia. O manifesto, lido em plenário pela professora Ana Maria de Araújo, pede, ao invés do término, a ampliação do projeto de Educação Integral, idealizado por Anísio Teixeira na década de 60, com a construção de escolas parque em todas as regiões administrativas do DF. "É inaceitável a exclusão de tantas famílias que ficarão fora de uma educação integral efetiva, com ensino de Arte e de Educação Física de qualidade, para cumprir exigências burocráticas do programa Novo Mais Educação", diz o manifesto.

A frente é formada por estudantes, ex-estudantes, pais de alunos e professores de escolas parque, além do Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal e do Conselho Tutelar Brasília 2. A deputada federal Erika Kokay (PT/DF), que participou da audiência, manifestou apoio à causa da Frente Popular.

"Não somos contra a escola integral, mas a favor da educação integral", explicou a representante do Sindicato dos Professores, Gliza Camilo. Segundo ela, a Secretaria está descumprindo a Lei da Gestão Democrática, ao alijar a comunidade escolar do processo de mudança pedagógica. 

Desrespeito - O mediador da audiência pública, deputado Reginaldo Veras (PDT), enfatizou que o próprio debate de hoje é um pleito da comunidade escolar que sofre com as mudanças. Veras lamentou a ausência da Secretaria de Educação que, embora tenha sido convidada a participar, sequer enviou representante. "A Secretaria não demonstra constrangimento em não vir porque a Secretaria não respeita a comunidade escolar", declarou o presidente do Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Michel Platini.

"A Secretaria nos trata como um grupo de pais que defende privilégios, mas a escola pública de qualidade é um direito. Ninguém pensou nos principais afetados por essas mudanças, as nossas crianças", protestou a representante dos pais de alunos das escolas parque, Flávia Ribas. Para ela, o programa do governo "Mais Educação vem com menos educação" e citou o déficit de 21 mil vagas na educação infantil do DF.

"Tenho a escola parque como referência da minha vida e a minha filha não terá esse mesmo direito; isso é um crime e quero registrar a minha indignação contra essa decisão verticalizada", protestou Cashi Melo, que é professora de música e teatro. "A arte é a ampliação do que há de melhor nas pessoas: a criatividade e a emoção", lamentou.

Governador - Um relatório com as demandas discutidas pelos participantes da audiência será entregue ao governador Rodrigo Rollemberg e ao secretário de Educação, Júlio Gregório, pelos deputados Wasny de Roure (PT) e Reginaldo Veras. O deputado Wasny argumentou que a educação no DF tem várias particularidades, como as escolas parque, as escolas de ensino especial e os centros de línguas. Segundo o parlamentar, o MEC já tentou desvirtuar essas características locais. "O governador vai nos receber para ouvir as indignações dos professores, estudantes e pais de alunos de escolas classe", garantiu.

Também como resultado da audiência será formado um grupo de acompanhamento do novo modelo da escola em tempo integral para verificar as condições de implementação do programa. 

CLDF