Uma nova conversa de duas horas e 57 minutos, gravada pela sindicalista Marli Rodrigues, foi entregue ao Ministério Público do Distrito Federal, ontem à tarde. Na gravação, feita na casa dela, em abril, o vice-governador Renato Santana apareceria fazendo comentários sobre como as organizações sociais vieram parar no Distrito Federal.

A fita está nas mãos da promotora de Defesa da Saúde, Marisa Isar. “Já está de posse do Ministério Público o áudio de uma reunião na minha casa”, diz Marli, explicando que a gravação foi feita desde o momento em que ele chegou ao portão até a hora em que foi embora.

Na longa conversa, Marli conta que debateu com Santana “sobre política, organizações sociais, questão da saúde pública, de que forma ele se sente no governo e como atuaria os Ministérios Públicos de Goiás e do DF”. No novo áudio, a sindicalista conta que o vice “ajudou a construir os caminhos” para as denúncias. “Se é verdade ou não, o problema é dele”, cita, em entrevista ao Jornal de Brasília.

Acareação

Marli Rodrigues contesta a informação dada por Santana à CPI da Saúde, de que não teria aproximação com ela e diz que ele “falta com a verdade”. “Ele me tratou como se eu fosse uma pessoa estranha e isso não é verdade”, destaca.

Depois de ser desmentida pelo vice, que negou ter dito à sindicalista que o governador Rodrigo Rollemberg teria autorizado a cobrança de 10% de propina na Secretaria de Fazenda, Marli diz que “exige” uma acareação.

O requerimento para que os dois façam depoimento frente a frente já foi, inclusive, aprovado pelos deputados da CPI da Saúde, mas a data não foi agendada. Para o vice-governador, no entanto, a Câmara Legislativa pode emitir apenas “convite”, pela natureza do cargo político – e ele pode decidir não ir. Para Marli, trata-se de “convocação”. “(A acareação) não precisa nem ser na Câmara (Legislativa), pode ser no Mané Garrincha, para todo mundo ver. Eu não estou mentindo”, reitera.

Procurado para comentar o assunto, o vice-governador não retornou as ligações, até o fechamento desta edição.
Josemar Gonçalves

Millena Lopes
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