Trabalhadores pediram apoio dos deputados distritais.

Uma comissão de deputados distritais vai se reunir com o governador Ibaneis Rocha para tentar reverter a demissão de 1.500 trabalhadores terceirizados do SLU. O encontro já foi solicitado e será marcado assim que o governador retornar de viagem. Mais de 300 trabalhadores demitidos ocuparam as galerias do plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal na sessão ordinária desta quarta-feira (23).

De acordo com o sindicado da categoria, a dispensa teria ocorrido durante transição entre empresas responsáveis pelo serviço de limpeza, da Sustentare para Valor Ambiental e Concita. Do efetivo de 4,5 mil, as novas empresas só aproveitaram 3 mil trabalhadores.

O assunto dominou a sessão ordinária de hoje, com manifestações de vários distritais. O deputado Leandro Grass (Rede) cobrou respeito aos trabalhadores terceirizados. Para ele, falta responsabilidade do governo na política de resíduos sólidos. Grass defendeu uma política "responsável, cidadã e inclusiva", com respeito e dignidade aos trabalhadores.

O deputado Chico Vigilante (PT) foi um dos primeiros a sugerir uma reunião com o governador, com a participação dos distritais e de representantes dos trabalhadores, para tentar reverter as demissões. Depois foi acompanhado por outros parlamentares. Vigilante lembrou que na época da licitação, ainda no governo de Rodrigo Rollemberg, alertou que o modelo copiado pelo SLU da Alemanha não seria adequado no DF. "O próprio governador Ibaneis Rocha garantiu que os trabalhadores não ficariam sem emprego. Agora está na hora do governador cumprir sua palavra", disparou, sugerindo que os trabalhadores não aceitem as homologações das demissões.

O deputado Iolando (PSC), primeiro secretário da Mesa Diretora da Câmara, também manifestou solidariedade aos trabalhadores da conservação e limpeza e reforçou o pedido de reunião com o governador para resolver o problema.

Na opinião do deputado Fábio Felix (PSOL), é lamentável que o GDF tenha pactuado com a demissão de 1.500 trabalhadores, num momento de grave desemprego na cidade. "A questão é urgente e precisa do envolvimento desta Casa. O PSOL e nosso bloco se solidarizam com cada um dos trabalhadores que estão passando por esta situação deplorável", completou.

A deputada Arlete Sampaio (PT) destacou que quando governador tomou posse fez discurso de que iria governar para os mais pobres, "mas não está seguindo sua fala". Para ela, ao assinar o contrato com as empresas, sem levar em conta a situação dos trabalhadores, o governador escolheu o lado das empresas. "São 1.500 desempregados e a Câmara Legislativa não pode se omitir", afirmou, sugerindo que nenhum projeto do governo seja votado até que a situação seja resolvida.

Já o deputado Agaciel Maia (PL) chamou a atenção para a falta de políticas de geração de emprego. Segundo ele, a situação da falta de vagas é preocupante, "e demitir quem está empregado é o fim do mundo". "Vamos buscar uma solução junto ao governo. O objetivo maior é que vocês tenham seus empregos de volta", assinalou.

O deputado Professor Reginaldo Veras (PDT) também se colocou à disposição para discutir com o governador uma solução para rever a situação dos trabalhadores demitidos.

Mutirão – Ainda nesta quarta-feira, o deputado Jorge Vianna (Podemos) elogiou iniciativa da secretaria de Saúde, que está promovendo um mutirão de cirurgias para atender mulheres vítimas de câncer de mama, no Hospital Regional de Taguatinga. Segundo ele, vários voluntários estão atuando, em conjunto com os profissionais da rede pública, na reconstituição de mamas. Vianna, que é da área de saúde, anunciou que nos próximos dois dias se juntará aos voluntários. "O mutirão vai atender 70 mulheres, mas a demanda é muito maior e, infelizmente, faltou planejamento, no ano passado, para a compra de um número maior de próteses. Espero que no ano que vem sejam feitos mutirões em outros hospitais da rede pública", disse.

Lei do silêncio – O deputado Fábio Felix usou a sessão para lamentar o fechamento do bar Pinella, na Asa Norte, por causa de descumprimento da Lei do Silêncio. Para ele, a medida gera desemprego e prejudica a vida cultural da cidade. O deputado Leandro Grass pediu a retomada do debate sobre a revisão da Lei do Silêncio. Já o Professor Reginaldo Veras informou que proposta foi amplamente debatida na última legislatura e disse que "o que falta agora é coragem para votar o projeto".

Previdência – Durante a sessão, os deputados Fábio Felix, Jorge Vianna e Chico Vigilante fizeram críticas à reforma da previdência, aprovada pelo Senado Federal. Vigilante destacou, no entanto, a vitória na aprovação de destaque que assegurou a aposentadoria especial dos trabalhadores em situação de periculosidade. O distrital elogiou o trabalho do senador Paulo Paim (PT-RS) na articulação para a aprovação do destaque.

Luís Cláudio Alves
Fotos: Carlos Gandra/CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa