Batalha prevista no Planejamento Estratégico 2019-2060 prevê que o GDF ofertará 100% de produtos básicos, estratégicos e especializados. Bem antes do prazo, Saúde já atua para facilitar o acesso.
Agência Brasília

Orlando Camargo, que sofre de reumatismo: custo de R$ 9 mil pelo rótulo. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

O Distrito Federal, como todas as unidades da Federação, enfrenta desafios relacionados ao acesso da população a medicamentos. A logística para armazenamento e distribuição também precisa de melhorias. De olho nisso, o governo estabeleceu, no Plano Estratégico 2019-2060, uma batalha específica para garantir remédios certos na hora necessária aos pacientes da capital. A meta é aumentar para 100% a disponibilidade de rótulos. Até lá, a Secretaria de Saúde atua para facilitar a vida do paciente.

A gestão de medicamentos considera o ciclo da assistência farmacêutica: aquisição, armazenamento, distribuição e uso. Na rede, os rótulos são dispensados de acordo com os Componentes de Assistência Farmacêutica, que são básico (para tratamento precoce), estratégico (que previnem endemias) e especializado.

Eles são distribuídos nas Unidades Básicas de Saúde, nos hospitais (para pacientes internados) e nas Farmácias Ambulatoriais Especializadas (conhecidas como Farmácias de Alto Custo).

Cerca de 30 mil pacientes buscam medicamentos nas farmácias ambulatoriais especializadas da Asa Sul, de Ceilândia e do Gama. É o caso do aposentado Orlando Machado de Camargo. O idoso de 66 anos foi diagnosticado com reumatismo há 19 anos. Na época, ele não teve acesso ao medicamento e a falta de tratamento o deixou com sequelas, como a perda de mobilidade na cervical e de seis centímetros na altura. 

Essa farmácia é primordial na minha vida. Ter um maior número de unidades seria muito bom, um facilitador. Muitos que precisam são idosos que têm problema com locomoçãoOrlando Machado de Camargo, paciente com reumatismo

“Eu sentia febres e dores horríveis antes de tomar o medicamento, sem essa medicação eu estaria perdido”, conta o morador de Vicente Pires. Gratuitamente, ele consegue ter em mãos o rótulo que chega a custar R$ 9 mil.

Foco estratégico
“O Plano priorizou ações capazes de fortalecer a gestão da assistência farmacêutica, por meio da instituição de diretrizes que possibilitam a adoção de uma política pública mais consistente nesse campo da saúde e de relevância para a recuperação da bem-estar e da qualidade de vida da população”, explica Adriana Lorentino, secretária-adjunta de Planejamento da Secretaria de Economia.

A secretária-adjunta diz que a questão de medicamentos constitui um dos mais importantes focos estratégicos, contemplando iniciativas voltadas ao acesso da população a medicamentos, bem como aquelas relacionadas à logística para seu armazenamento e distribuição.

“É um grande desafio o aprimoramento para que haja medicamentos em quantidade suficiente para atender as demandas da população do DF. Como o é garantir que a qualidade dos medicamentos seja mantida até o seu uso”, ressalta Lorentino. No DF há três unidades de Farmácias Ambulatoriais Especializadas (conhecidas como Farmácias de Alto Custo). Uma está em reforma e as outras duas também podem receber obras. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Iniciativas caminham
A meta para os próximos 40 anos é abrir ao menos uma unidade de farmácia de alto custo por região de Saúde. Até lá, a unidade de Ceilândia passa por reforma, medida que é avaliada para chegar às outras duas. Ainda está em andamento a abertura de uma farmácia de média complexidade na Policlínica da Asa Sul (114/115 Sul).

Além disso, para facilitar a o atendimento ao usuário, a pasta diz que um sistema para agendamento da retirada de medicamentos por dia e horário está sendo adquirido para funcionar nas três farmácias. 

Com base no Plano Estratégico, o governo planeja contratar serviços de operação logística para armazenamento e distribuição de materiais e medicamentos. A Secretaria de Saúde explica que o processo foi aberto. A equipe de planejamento faz estudos de viabilidade e análise de riscos. Pelos prazos legais, caso não haja atrasos, a previsão é que o edital seja publicado até o fim de 2019.

Além disso, o plano é reformar a Farmácia Viva, localizada no Riacho Fundo I, e ampliar a estrutura física do laboratório de farmacotécnica do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde são produzidos 75 tipos diferentes de medicamentos na forma de solução oral. O projeto está em fase de aprovação pela Vigilância Sanitária. 

Segundo gestores da Saúde, o recurso disponível via emenda parlamentar é suficiente para iniciar a obra. Pioneiro no Brasil em fornecimento de medicamentos fitoterápicos para a rede pública de saúde, o local atende 21 unidades básicas de saúde e fornece medicamentos para 143 equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). José dos Reis, morador de Planaltina: com apenas 20% do pulmão direito, busca dois medicamentos por mês. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Também está em estudo a implantação do Projeto do Complexo de Assistência Farmacêutica, que pode contribuir para universalizar a disponibilidade de medicamentos. 

Todas as mudanças planejadas vão beneficiar pacientes como José dos Reis Oliveira. O morador de Planaltina tem apenas 20% do pulmão direito e busca, todos os meses, dois rótulos fornecidos gratuitamente.

Se fosse comprar, teria que tirar do bolso quase R$ 500 a cada 30 dias. “Quando fico sem tomar o remédio me sinto muito cansado. É por isso que este serviço me ajuda muito. Tem gente aqui que se não recebesse o remédio de forma gratuita já estaria sem vida”, diz o homem de 62 anos. 

* Colaborou Daniela Brito