O dinheiro precisa chegar à população, afirma o deputado distrital Chico Leite (Rede) candidato ao Senado. O combate à corrupção é o motor da campanha do parlamentar. Caso eleito, planeja criar uma ferramenta para radicalizar a transparência dos gastos públicos. Citando o procurador Deltan Dallagnol, investigador da Operação Lava Jato, lamenta a perda de R$ 200 bilhões para a corrupção. Leite promete lutar contra o movimento crescente de redução da maioridade penal. Em uma chapa com palanque duplo entre os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), o candidato espera chegar a um ponto de equilíbrio, em favor de Marina.

Por que o Senado?
Quero levar a experiência desses anos na Casa Legislativa para o Senado. Eu acho que é fundamental o combate à corrupção. Imagina uma “caixa d’água” como o orçamento, a “tubulação” da casa como a burocracia por onde passam os recursos do orçamento, até chegar na “torneira”, que é o destino do recurso público, que a Saúde, Segurança e Educação. Se no meio desse caminho há vazamentos, aquilo que era um “litro”, dois, chega como um “pingo” no final. A corrupção tira do cidadão brasileiro R$ 200 bilhões por ano. Desejo que esse dinheiro chegue a seu destino.

Como?
Primeiro: A fiscalização dos gastos públicos. Nós precisamos ver para onde vai o recurso, se ele é bem aplicado e se é nas áreas prioritárias para a sociedade. Então quero levar para o Senado a absoluta transparência no caminho que faz o recurso do orçamento federal, especialmente no tocante ao Fundo Constitucional. Quero que todo cidadão possa abrir o seu celular, computador, para ver aonde está indo o dinheiro, que é dele. Nós tivemos aqui no DF um modelo que foi o Siga Brasília.

Reforma da Previdência?
Nós precisamos de uma reforma, mas não essa que está aí. Porque a Reforma da Previdência não pode se prestar a resolver apenas a questão fiscal. Ela precisa de fato dar sustentabilidade à Previdência. Nós precisamos acabar com privilégios. Precisamos dar segurança àquele que trabalha uma vida inteira para merecer e não pode ser punido. E precisamos adequar as situações transitórias. Mas é necessário que nós possamos rever privilégios e situações de grande disparidade que acabem acarretando consequências ao trabalhador, ao empreendedor, àquele que depende que as finanças públicas esteja equilibradas para poder trabalhar.

Redução da maioridade?
Se reduzir a maioridade penal resolvesse o problema violência, não havia problema que a debatêssemos. A grande questão é que tratar a violência apenas com a proposta da redução da maioridade penal é como tratar da árvore tão somente cortando os galhos dela, não tentando resolver o problema da raiz. Nós agentes públicos precisamos nos preocupar com a família, o investimento prioritário em educação integral e profissional e com programas de 1º emprego, com o quais nós possamos dar oportunidade aos nossos adolescentes e jovens de ascenderem na vida e de corresponderem aos anseios da sociedade. Sou contra a redução da maioridade penal. Não resolve.

Rollemberg tem chances de reeleição?
Tem. Nós da Rede fizemos um debate e saímos do governo em novembro do ano passado, deixando claro que não temos apego a cargos. Nosso debate é sobre causas. Eu mesmo me posicionei na Câmara Legislativa sempre de maneira independente. Nunca tive com o governo relação de cargos e emendas. Ficamos livre para fazer o debate de causas, com preocupação com a sociedade. E estabelecemos critérios. O primeiro deles é a ficha limpa. Não era possível nós nos aliarmos a quem não tivesse ficha limpa ou a quem estivesse ligado politicamente a quem não tivesse ficha limpa. O segundo critério é o cuidado com o recurso público no equilíbrio das contas públicas e na prioridade dos gastos. E o terceiro é o estabelecimento do cuidado com a cidade, a regularização fundiária e a preservação de um ambiente saudável. Esse critérios nos levaram a apoiar o governador.

O que pode fazer com que ele ganhe o eleitorado?
A nossa população, nosso eleitor, situasse em um nível de desenvolvimento humano, bem elevado, crítico, consciente e responsável com a cidade. Ele não cai no conto de populismos. Não gosta dos conchavos de gabinetes. E ele vai julgar a atuação do governador Rollemberg. Ele herdou um caos nas finanças públicas, que já vem de outros governos passados. E o governador pôs a casa a em ordem. E aí ele pode nomear concursados, investir na cidade. Basta ver o índice de confiança dos empreendedores, que cresceu bastante. É você confiar que o governo é correto, limpo, se preocupa com a cidade e prioriza a população.

Rollemberg apoia Ciro. O senhor apoia Marina. Como vão equilibrar isso?
Na política é preciso procurar construir consensos em torno das identidades. Diferenças temos muitas. Na construção dessa chapa, Rede e PV ficaremos com Marina, Já estamos. Ciro Gomes é do mesmo campo político e tem o nosso respeito. Na nossa chapa, há dois candidatos que apoiam Ciro, o governador e a candidata ao Senado e minha parceira de chapa Leila Vôlei (PSB). E há dois que apoiam Marina: Eduardo Brandão (PV), candidato à vice-governador e eu. Eu ainda tenho esperança que o governador Rollemberg apoie Marina. Ainda no 1º turno. Espero conseguir convencê-lo pelas propostas de Marina.

Saúde?
Nós precisamos fazer o debate sobre a distribuição dos recursos do SUS. Eles precisam ser destinados segundo os atendimentos e não apenas, conforme a população. O DF sofre muito com isso. Algumas prefeituras circunvizinhas preferem comprar ambulância, do que investir em hospitais, profissionais e equipamentos. Queremos que todos sejam atendidos. Mas teríamos mais recursos se o critério fosse atendimento e não a distribuição. E não adianta buscar mais recursos se não melhorarmos o combate á corrupção. O dinheiro precisa chegar ao cidadão.

Guerra Fiscal?
Quero me dedicar a estimular o setor produtivo a criar mais trabalho e renda no DF. Nós aqui fomos e somos vítimas da Guerra Fiscal. Há pouco tempo conseguimos a aprovação no Congresso Nacional da possibilidade de convalidação daqueles incentivos fiscais que outros estados dão. Agora ele tramita na Casa Legislativa. E estou empenhado nele. Quero proteger o DF dessa Guerra Fiscal, para que nós sejamos menos dependentes do Serviço Público. O servidor público é uma aliado e precisa ser preservado.

Como?
Proteger o DF da Guerra Fiscal, no papel de senador. E trazer para o DF a Junta Comercial. Nós somos a única unidade da Federação, cuja junta é federal. Fica muito distante dos empreendedores. Nós precisamos trazê-la para perto dos empreendedores do DF.

Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia
Fonte: Jornal de Brasilia