Da saúde à política, grupos vão buscar soluções para problemas da capital.

Na Campus Party 2018, maratonas de hackers desafiam os participantes do evento a resolver problemas de Brasília em cinco dias. Os temas variam entre educação, política e saúde, mas o objetivo é o mesmo: formar equipes com boas ideias, oferecer mentores e dar visibilidade a temas relevantes na cidade.

A Hacksaúde, promovida pelo Governo do Distrito Federal e instituições da sociedade civil, procura soluções para problemas de filas, marcação de consultas, além de falhas na comunicação entre servidores da Saúde e o público em geral. Doze equipes com três e quatro integrantes foram selecionadas de um total de 18 e podem ganhar até R$ 1,5 mil. Os participantes apresentam o projeto piloto neste sábado e podem apresentar a ideia a possíveis investidores.

Os hackers se reúnem em uma área exclusiva, restrita ao público em geral (o Hacka Space). Lá, podem conectar computadores próprios à energia elétrica e acessar a internet. Muitos viram noites trabalhando nos projetos.

É o que conta a gestora de políticas públicas Marjorie Lynn, 24. Ela é a única da equipe que não entende de programação de computadores. “Faço o papel de filtrar o que é importante para impactar a vida das pessoas que dependem do SUS. Queremos gerar valor, tanto para os pacientes quanto para os profissionais da Saúde”, compartilha.

A equipe trabalha uma solução que ajude o público comum a saber onde há médicos disponíveis no DF. “Queremos traçar um mapa georreferenciado das unidades básicas de saúde com as especialidades, horários de consulta, endereços e dias em que estão abertas”, conta a integrante. Em reuniões de equipe e pesquisas de campo, o grupo percebeu que postos de saúde estão subutilizados. “Queremos educar o usuário do SUS sobre onde ele deve ir para evitar lotação nos hospitais”, destaca Lynn.

Foto: Rafaella Panceri/Jornal de Brasília
Os colegas tiveram a ideia inicial de criar um robô para marcar consultas. “Mas há problemas muito mais básicos, como esse de informação”, complementa. A ideia é disponibilizar informações à população humilde em televisores dentro de ônibus e painéis na Rodoviária do Plano Piloto.

Opção para reduzir fila

Outra equipe da Hacksaúde decidiu criar um aplicativo para celular, com o objetivo de reduzir o tempo de espera nas filas de hospitais e postos de saúde. “A ideia é que o usuário indique quais os sintomas que ele apresenta e o sistema indique o melhor lugar para ir, com disponibilidade de médicos”, explica o estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas Gabriel Homero, 20.

Para o rapaz, o principal desafio para tirar a ideia do papel é garantir a confiabilidade dos dados. “Garantir que o médico dê informações seguras, registrar se está mesmo trabalhando naquele dia ou horário”, expõe.

A equipe participa da Campus Party e de uma maratona como essa pela primeira vez. “Nosso interesse é em ganhar experiência”, afirma Gabriel Homero.

O colega de equipe Thiago Moraes, 19, comenta sobre o papel do hacker, ligado à figura de criminosos. “Há vários conceitos. E dentro dele há pessoas do bem, com responsabilidade e ética”, afirma.

Os participantes da Hacksaúde disputaram desafios prévios. “Eles já produziram algumas soluções e o nível está muito bom. Tem gente da área de tecnologia, administradores públicos e gestores”, conta o chefe da unidade setorial de transparência e controle social da Saúde, Bruno Rolim. Ele foi um dos responsáveis por garimpar os dados abertos fornecidos aos hackers.

Voluntário do Instituto de Fiscalização e Controle, Olavo Santana acredita que os melhores projetos ganharão espaço nos órgãos públicos de Brasília. “Eles já estão de olho nas soluções e em como elas podem ser implementadas”, diz.

Entenda

O conceito

Hacker: é qualquer pessoa que descobre algo especial em um sistema, como uma nova forma de realizar metabuscas ou navegar na internet. Eles costumam se dedicar a uma área específica da computação para encontrar utilidades além das previstas nas especificações originais de um software, por exemplo.