Procedimento avança no país e melhora qualidade de vida de pacientes.

Urologista e coordenador do Programa de Cirurgia Robótica da Rede D’Or, Rodrigo Frota. Foto: Jorge Eduardo Antunes

Jorge Eduardo Antunes
Enviado especial ao Rio de Janeiro

Técnica cirúrgica que mais avança no País, as intervenções com uso de robôs chegarão a Brasília no ano que vem. A informação foi dada hoje pelo urologista e coordenador do Programa de Cirurgia Robótica da Rede D’Or, Rodrigo Frota. “O equipamento está comprado e será instalado até o fim de fevereiro. Esta semana começa o processo de treinamento dos cirurgiões”, afirma.

Será o 38° robô instalado no país – há dois anos, eram 17. O crescimento no Brasil do número deste tipo de equipamento acompanha a tendência mundial – nos Estados Unidos há 3.600 plataformas robóticas e 85% das cirurgias urológicas já são feitas com esta técnica. “A cirurgia laparoscópica começou nos anos 90, e poucos hospitais a usavam. Hoje, elas só são feitas pela via aberta quando não se pode usar a laparoscópica. E vai acontecer a mesma coisa com a robótica”, avalia o médico Rodrigo Frota.

Nos pacientes com câncer de próstata, o uso da cirurgia robótica trouxe benefícios em dois diferentes campos. “A primeira vantagem é em relação aos resultados cirúrgicos, ou seja, há menor sangramento, menos tempo de internação e uso de sonda e volta mais rápida às atividades profissionais. Além disso, existem os resultados funcionais, pois a cirurgia de câncer de próstata está relacionada a sequelas como incontinência urinária e impotência sexual”, afirma o médico.

No primeiro caso, ainda de acordo com Rodrigo Frota, a retomada do controle da função urinária também ocorre na cirurgia aberta. “No caso da cirurgia robótica, o retorno é mais rápido. É a diferença de se usar fralda geriátrica por um mês ou um ano”, destaca. “O tempo médio para recuperação da função nas cirurgias abertas varia, em média, de seis meses a um ano. Nas robóticas, de um a três meses”, detalha.

No caso da impotência sexual após a intervenção cirúrgica, mesmo sem dados que mostrem esta eficiência, a literatura médica aponta que, nas cirurgias abertas, a recuperação da função sexual varia de 10% a 40%. Já nas cirurgias robóticas este percentual varia de 70% a 90%. “Eu costumo dizer aos pacientes que o índice médio de recuperação da função erétil é de 30% na cirurgia aberta e de 70% na robótica. Não que a cirurgia robótica garanta o retorno da função sexual do paciente, mas há uma probabilidade maior de ele não perder a função erétil”, acrescenta.

Outro tipo de câncer cujo processo operatório tem ganhos com o uso da robótica é o renal. De acordo com Rodrigo Frota, a técnica facilita a reconstrução do rim. “Após a retirada de um tumor é necessário fazer uma plástica nele, reconstruí-lo. Junto com fígado, pulmão, coração e cérebro, é um dos cinco órgãos nobres, muito vascularizado, e quando estamos reconstruindo-o, ele precisa ter seu funcionamento paralisado. Com a cirurgia robótica é possível fazer uma reconstrução melhor, por conta de uma visualização mais eficiente, mais liberdade e precisão de movimento. Como o rim fica mais preservado, por passar menos tempo sem funcionar, isso leva a uma recuperação mais ágil da função renal”, completa.

Uso em outros tratamentos

A cirurgia robótica também vem sendo usada em cânceres na bexiga e reto e nos tumores de endométrio. Mas também há uso em outros procedimentos urológicos não relacionados com a doença.

“Hoje, usando apenas dados da Rede D’Or, na urologia, quase todas as cirurgias que são factíveis de serem feitas pela robótica, nós fazemos. Cerca de 65% de nossas cirurgias são robóticas. Depois vem a bariátrica, com 20% das cirurgias deste tipo, seguida da ginecologia, para histerectomia e câncer ginecológico, com outros 20% de procedimentos cirúrgicos já sendo feito com o uso da robótica”.

O jornalista viajou a convite da Rede D’Or.