O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp caiu de vez no gosto do brasileiro, está presente no dia a dia de todos, seja no trabalho compartilhando recados e dicas importantes entre os colegas ou com a família, com os amigos, colegas de sala de aula; muitos são os caminhos que nos levam até ele. O aplicativo é gratuito, pode ser instalado em qualquer smartphone, do mais simples ao mais sofisticado, basta ter conexão com a internet e pronto, já pode ser usado. Essa facilidade que o aplicativo proporciona, faz com que ele atinja diversas classes sociais, do mais instruído, aos que não tiveram muita oportunidade de estudo. E esse poderio de alcance imediato, acaba virando uma grande arma de propagação de informações através de compartilhamentos, sejam elas verdadeiras ou não. 

Um caso recente que assustou parte dos moradores aqui do DF, foi a notícia de que uma tentativa de sequestro havia ocorrido na praça de alimentação do JK Shopping, que fica na divisa de Ceilândia com Taguatinga. A falsa notícia se espalhou rapidamente entre os usuários do aplicativo e assustou os frequentadores, não só do JK Shopping, mas de outros centros comerciais do DF, dada tamanha ousadia dos bandidos de agir em local público e com grande circulação de pessoas. Em nota, o shopping afirmou que tem a “obrigação de esclarecer que tal fato jamais ocorreu e que o texto não passa de algo fantasioso, irresponsável e mentiroso”. 

O Alô conversou com a assessoria do JK Shopping, sobre que providências foram tomadas, se houve tentativa ou se conseguiram localizar de autor do boato. “Infelizmente não, mas fizemos o comunicado de esclarecimento rapidamente para que as pessoas pudessem enviar para quem mandou para elas e assim, a corrente de disseminação do falso boato se extinguisse”, contou Monaliza Maia, responsável pelo Marketing do shopping. O JK Shopping falou ainda sobre a dificuldade de identificar os criminosos. “Os boatos se multiplicam com velocidade exponencial e não são desmentidos com a mesma velocidade. Fica difícil saber quem foi o primeiro a mandar”, completa. Não houve impacto no fluxo de tráfego de clientes. 

A dona de casa Cristina Muniz (36), moradora da região e frequentadora do JK Shopping, disse que recebeu a falsa notícia de tentativa de sequestro em seu WhatsApp. “Desde que recebi, não acreditei que isso pudesse ser verdade, pois sei bem que muitas dessas notícias são mentiras. Eu nem dei importância. Sei que lá dentro é um local seguro, não dá pra acreditar em tudo que as mandam pra gente na internet”, contou. 

Precaução é essencial

O cuidado e atenção com as mensagens que são recebidas e repassadas devem ser muito grandes, uma vez que uma mensagem deste tipo pode causar graves consequências, gerando uma série de transtornos, inclusive situação de pânico entre a população. O site e-farsas.com, especializado em desvendar farsas da web, cita algumas características desse tipo de hoax – palavra em inglês que significa farsa, utilizada em referência a esse tipo de notícia na web –, como o fato de que elas nunca são datadas, não cita nome dos envolvidos, mistura fatos reais com trechos inventados, trata de assunto que chama a atenção do leitor, é alarmista e sempre pede para ser repassada ao maior número possível de leitores. 
Outro tipo de golpe que vem sendo aplicado pelo WhatsApp, é o da ajuda financeira, criminosos clonam o número do celular das vítimas e em nome delas, pedem dinheiro as pessoas que tem o número salvo em sua agenda, dizendo que se trata de uma situação de emergência e que pagará em empréstimo em breve. A pessoa que recebe a pedido de socorro financeiro, sem saber de nada, acaba realizando o depósito convicto de que está atendendo ao pedido de seu conhecido. Esse tipo de golpe, muito raramente, pode envolver até mesmo funcionários das operadoras telefônicas que ajudam na clonagem dos números. 

BASTA DENÚNCIAR

Autoridades que lidam com esse tipo de crime orientam sobre que providências devem ser tomadas e como agir diante de uma situação como essa. A Polícia Civil do Distrito Federal possui uma delegacia criada especialmente para cuidar de crimes do gênero, trata-se da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). O delegado responsável Giancharlos Zuliani, falou sobre os crimes mais comuns investigados pelo departamento, que são os crimes contra a honra, de invasão e de sistema informativo; também é comum o crime de extorsão, quando por exemplo alguém cria um perfil falso, para conseguir fotos íntimas das pessoas, e depois tirar dinheiro delas ameaçando divulgar as imagens. “Nos casos de crimes contra honra ou de patrimônio é importante que se guarde provas, como prints, documentos, materiais que comprovem a denúncia. A queixa pode registrada no site da Polícia Civil, ou em uma delegacia, dentro da qual será feita uma espécie de triagem. Se o crime for mais complexo, o caso será encaminhado para a DRCC”, contou.

Em casos como o ocorrido no JK Shopping, o delegado diz que configura crime contra a honra, a orientação é de que se procure uma delegacia para que seja registrada a ocorrência. Por se tratar de WhatsApp, caracteriza investigação telefônica, que as delegacias estão aptas a fazer, e se houver alguma dificuldade nas investigações, o caso será encaminhado para a DRCC. Ele ainda falou sobre de que forma as pessoas devem reagir diante de uma falsa notícia como essa. “Os usuários precisam ter muito cuidado com a origem e procedência dessas notícias, se a pessoa estiver dentro do shopping e de repente recebe uma notícia como essa, procure a segurança do local, e se ela ainda não sentir que está protegida, que há risco, deve-se chamar a polícia, mas sempre com muita cautela”. Outra dica que o delegado reitera, é sobre os cuidados com SMS e e-mails que são enviados. “Desconfie de links e não coloque seus dados pessoais na internet”, conclui.
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ALbert queiroz