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Por G1 DF
Passageiro usa vale estudantil em ônibus no DF (Foto: Gabriel Jabur/GDF/Divulgação)
A Justiça do Distrito Federal entendeu que o decreto aumentando o valor das passagens de ônibus e metrô para até R$ 5 em janeiro deste ano é ilegal. A decisão é da juíza Cristiana Torres, da 1ª Vara da Fazenda Pública e foi divulgada nesta quarta-feira (9).
Apesar da decisão, o valor das passagens só deve voltar para o preço anterior quando não couber mais recurso. A Procuradoria Geral do DF disse ao G1 que não foi notificada da decisão, e que só irá avaliar as medidas judiciais cabíveis depois que for avisada oficialmente.
Torres analisou três ações que pedem a ilegalidade do decreto: do Ministério Público, do Instituto de Autonomia e uma do deputado distrital Wasny Nakle de Roure (PT) em conjunto com o ex-deputado federal Roberto Policarpo Fagundes (PT).
As ações alegam que o decreto não tem base em estudos técnicos prévios, capazes de identificar a variação de preços dos insumos do transporte público, o comportamento da demanda, a remuneração dos operadores dos serviços e o custo por passageiro.
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"Não foram efetivados estudos técnicos, aprofundados, nos termos exigidos pela Lei de Regência. Em outras palavras, o que se extrai do processo administrativo referido no decreto impugnado é pretensão de transferir ao usuário do serviço público de transporte coletivo a responsabilidade financeira pelo sustento do sistema", afirma trecho da sentença.
Valor da passagem passou de R$ 4 para R$ 5 (aumento de 25%) em linhas de ônibus e metrô (Foto: Reprodução/TV Globo)
Argumentos
Ainda segundo a juíza, apenas depois da publicação do decreto o GDF contratou a Fundação Getúlio Vargas para fazer um estudo quanto ao custo do transporte público no DF.
"A contratação do estudo após o aumento da tarifa reforça o convencimento de que o Distrito Federal não conhece o efetivo custo do transporte e que as exigências legais não foram atendidas e que o aumento partiu da simples conveniência do Governo do Distrito Federal, para sanar situação emergencial atropelando o devido processo legal."
Outro ponto considerado na decisão foi a falta de consulta ao Conselho de Transporte Público Coletivo do Distrito Federal (CTPC), o que é obrigatório por lei. "Nesse contexto, constato que a alegação do Distrito Federal, de que o CTPC não foi constituído em razão de limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal não prospera. [...] A falta dos estudos técnicos e da consulta ao CTPC aproxima o decreto impugnado da arbitrariedade", declarou a juíza.
O Ministério Público do DF pediu que o GDF e o governador Rodrigo Rollemberg fossem condenados a pagar valor superior a R$ 500 mil por danos morais causados à população. A juíza rejeitou o pedido com o argumento de "não constatar qualquer vínculo entre o aumento da tarifa (ainda que ilegal) e a afetação da honra objetiva ou reputação da população do Distrito Federal".
A decisão também retira a pessoa do governador Rollemberg do processo por entender que "não há pessoalidade no ato".
Pessoas fazem protesto na Rodoviária, em Brasília, contra o aumento da tarifa do transporte público no Distrito Federal (Foto: Andressa Anholete/AFP)
Aumento das tarifas
O aumento nas passagens de ônibus e metrô foi anunciado pelo GDF no fim de dezembro do ano passado e começou a valer no dia 2 de janeiro deste ano. O reajuste variou de 11% a 25% .
Os valores passaram de R$ 2,25 para R$ 2,50 nas linhas circulares e alimentadoras do BRT (aumento de 11%); de R$ 3 para R$ 3,50 (aumento de 16%) em linhas metropolitanas "curtas"; e de R$ 4 para R$ 5 (aumento de 25%) no restante das linhas, além do metrô. As tarifas são as mais caras do país, e já acumulam alta de 66% desde que o governador Rodrigo Rollemberg assumiu o cargo, em 2015.
Na ocasião, a Secretaria de Mobilidade disse ser necessário o reajuste para acompanhar a elevação de custos do sistema (como combustível e salários de cobradores e motoristas), manter as gratuidades para estudantes e pessoas com deficiência e compensar os quase dez anos de congelamento das tarifas.
O DF tem, atualmente, mil linhas de ônibus, contando com 3 mil coletivos de empresas e cooperativas. A estimativa é de que 1 milhão de pessoas usem ônibus diariamente no Distrito Federal e 160 mil usem o metrô.
Revogação
No dia 18 de janeiro, a Câmara Legislativa suspendeu o reajuste e as tarifas voltaram aos preços antigos. O GDF pediu à Justiça que suspendesse a ação, no dia 28 de janeiro o valor das passagens voltou a subir.
Na época, os deputados distritais decidiram por 18 votos a 0 que o governo do DF havia "extrapolado" suas atribuições ao decidir pelo aumento, e mandaram revogar os novos preços. Mas a Justiça permitiu o reajuste. Segundo o GDF, "o aumento se fez necessário para manter o sistema funcionando e pagar as gratuidades de estudantes e pessoas com deficiência".
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