Após uma crise de identidade que quase esfacela a Esquerda no país, os partidos de linha progressistas podem iniciar no DF uma articulação que poderá vir a servir de referência a nível nacional e revitalizar as propostas do campo progressista e trazer a esquerda de volta ao poder, tanto no Brasil como no Distrito Federal.

A disputa ao Governo do DF em 2018 pode ter uma grande novidade: a advogada Anjuli Tostes, auditora da Controladoria-Geral da União, e que disputa a pré-candidata ao governo pelo PSOL. No entanto o processo de escolha do ou da candidata passará por uma prévia dentro do partido, que após a escolha deve naturalmente procurar os demais partidos para formar uma coligação e assim montar um Frente Progressista, apresentando uma chapa também com dois candidatos a senadores e um vice-governador dos demais partidos.

Com perfil novo e bem distinto de seus futuros concorrentes ao Palácio do Buriti, a pré-candidata, Anjuli Tostes mesmo ainda sem está em campanha já empolga a militância tanto do PSOL como de outros partidos de esquerda que começam a debater a candidatura. Também é a primeira vez que Anjuli se candidatará a um cargo eletivo e pode ser a única mulher presente na disputa.

PERFIL:
Advogada popular, onde atua junto aos movimentos sociais do DF, especialmente na periferia das cidades satélites na defesa de grupos marginalizados pelas políticas públicas e governamentais, e desenvolvendo trabalhos de base juntos a diversos outros detores sociais e das comunidades urbanas e rurais, atuando também como educadora popular, é bastante respeitada e admirada pela maneira simples e dedicada com que faz política.

Autora de representações contra o GDF em face do aumento das tarifas de ônibus e metrô. também atuou contra a derrubada de moradias em São Sebastião e outras comunidades. Conseguiu o acesso público a todo o inventário de terrenos e imóveis, numa vitória contra a grilagem de terras e a favor do direito à moradia.

Anjuli é uma liderança entre os servidores da Controladoria-Geral da União - CGU, atuando sempre no combate à corrupção e pela transparência do setor público. Foi uma das principais responsáveis pela derrubada do ex-ministro da CGU Fabiano Silveira - o episódio das vassouras lavando o gabinete do ministro teve grande destaque na imprensa nacional e internacional -; e Silveira foi flagrado dando dicas a investigados pela Lava Jato. Anjuli também atuou para evitar a posse de Osmar Serraglio - implicado na Operação Carne Fraca e aliado de Eduardo Cunha - como ministro do órgão, organizando protestos em todas as capitais do país. 

É uma das autoras do pedido de impeachment do ministro do STF Gilmar Mendes, apresentada no Senado em junho deste ano, ao lado de outros juristas e acadêmicos.

Anjuli nasceu e cresceu no Plano Piloto, estudou no Colégio Militar de Brasília e foi 1ª colocada no concurso da CGU. Hoje mora em São Sebastião, onde é uma das responsáveis por um Centro de Direitos Humanos e Cultura. Caso seja vitoriosa, afirma que irá permanecer no local onde mora e abrirá mão de residência, carro e motorista oficiais. Também anuncia que, do valor que vier a receber como governadora, devolverá aos cofres públicos tudo o que ultrapassar o salário que recebe como auditora da CGU. 

Formada em Direito e Relações Internacionais e professora de Direito e Economia, Anjuli Tostes é considerada além de uma liderança popular um dos melhores Quadros político da esquerda no Distrito Federal.

PROPOSTAS
Segundo ela o combate aos privilégios e por um governo a favor dos mais pobres e da classe média será o tom de sua campanha. "São os pobres e a classe média que carregam o peso do Estado nas costas e que sempre pagam a conta de todas as crises. Isso precisa mudar", diz. Entre as medidas a serem adotadas está o fim do uso de veículos oficiais, a instituição da progressividade nos impostos distritais (para que os super-ricos paguem a sua parte), IPVA sobre veículos aéreos e náuticos (lanchas, iates, jet-skis, helicópteros e jatinhos), priorização de servidores concursados para o exercício de cargos comissionados e rigoroso cumprimento do teto remuneratório constitucional. 

Adiante Anjulí afirma: "Há muitos cargos em comissão que fazem um trabalho tão importante quanto o dos servidores concursados. Não se trata de eliminar essa modalidade. O que não vamos tolerar é que o Estado seja aparelhado na forma de um cabide de empregos para garantir maiorias na Câmara Legislativa, como tem acontecido. Governaremos com o povo." Conclui. Ao mesmo tempo, Anjuli prevê a valorização do servidor público, com planos de cargos e carreiras e participação na gestão dos órgãos"

A ativista é candidata para mostrar que é possível governar com transparência, promovendo a participação popular e o controle social nas decisões estatais. Segundo ela, "assim, com uma política de participação o poder sai das mãos de poucos para ir para as mãos de muitos, e é importante que qualquer governo esteja sempre sob constante vigilância da sociedade". Por isso, alguns compromissos assumidos por ela se estenderão a todo o primeiro escalão, que terá que colocar à disposição seus sigilos fiscais e telefônicos. 

Continuando ela afirma que; "Com uma divisão adequada do ônus tributário - reduzindo as renúncias de receitas milionárias a megaempresários -, processos licitatórios e prestações de contas mais amplos e transparentes", Anjuli garante que é possível construir as políticas e os serviços de que o povo precisa como saúde, moradia, educação, emprego, segurança e transporte de qualidade para a população do DF e Entorno. "Com uma boa gestão e uma concepção de Estado mais justo, que leve em conta as prioridades das pessoas, não há dúvidas: é possível um DF diferente." Finaliza.

Segundo lideranças de São Sebastião e outras comunidades ouvidas sobre o trabalho de Anjuli Tostes, ela lidera um projeto de mudança que tem respaldo técnico e político, envolvendo dezenas de organizações da sociedade civil, movimentos sociais, associações empresariais, organizações do campo e da cultura, intelectuais, professores, sindicatos e profissionais conceituados de diversas áreas de políticas públicas.

Por Paula Grugher e Anita Andreoli