Solenidade nesta quinta-feira (10) marcou aniversário da edificação de madeira, erguida como moradia provisória do presidente durante a construção da nova capital brasileira.

Ao caminhar pela simples construção de madeira, a sensação do observador é de voltar para onde tudo começou. Há exatos 60 anos, era inaugurado o Catetinho, primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubistchek na nova capital do Brasil em construção.O governador Rodrigo Rollemberg.

Autoridades e pessoas ligadas ao patrimônio de Brasília reuniram-se no local, nesta quinta-feira (10), para lembrar a data e saudar o rústico palácio que guarda parte da história da cidade.

“É uma mistura de alegria e emoção estar nesse local. Aqui há uma energia inspiradora, bucólica”, disse o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, durante a cerimônia. “Se Juscelino era ousado por um lado, na ambição de construir Brasília, por outro era uma pessoa simples, algo que admiro como ser humano”, lembrou ele, emocionado.
"Se Juscelino era ousado na ambição de construir Brasília, por outro lado era uma pessoa simples, algo que admiro como ser humano"Rodrigo Rollemberg, governador de Brasília

Erguido em apenas dez dias, em 1956, o croqui de Oscar Niemeyer para abrigar o presidente era conhecido como Palácio de Tábuas. Era o primeiro projeto com o traço do arquiteto para a cidade.

A ideia era que o presidente acompanhasse a construção de Brasília em um local no qual pudesse pernoitar. Foi lá também que Juscelino recebeu amigos e fez serestas durante aquela época.

O material para a obra veio de Araxá (MG) e do Rio de Janeiro (RJ). Na inauguração, a residência recebeu esse nome em referência ao Palácio do Catete, sede do governo no Rio de Janeiro.

Localizado na antiga Fazenda do Gama, na BR-040, o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em julho de 1959. Atualmente, o espaço abriga um pequeno museu, cheio de referências de época, como mobiliário, ferramentas, fotografias e ambientações originais. O prédio pode ser visitado de terça a domingo, das 9 às 17 horas, com entrada franca.Antes: Arquivo Público do Distrito Federal – 1956. Depois: Toninho Tavares/Agência Brasília

O secretário de Cultura, Guilherme Reis, reforçou a importância do espaço para a cultura do DF. “Esse local respira a história de Brasília, é um prédio que está na memória de todos os brasilienses como um programa de família”, disse.

Ele adiantou que 2017 será um ano de comemorações para o patrimônio cultural da cidade. “Quando for implementada, a lei orgânica da cultura nos permitirá avanços nesse aspecto. Trabalhamos para dinamizar e valorizar os equipamentos públicos”, concluiu Reis.
Homenagens a Juscelino Kubitschek nos 60 anos do Catetinho

A solenidade desta noite foi embalada pelo sexteto da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. No programa, obras conhecidas por fazerem parte do repertório preferido por JK, como a canção folclórica Peixe Vivo, de Carlos Mendes e Neurisvan Rocha Alencar.

Os músicos também executaram temas de Chico Buarque de Holanda e do compositor clássico austríaco Amadeus Mozart para homenagear o presidente.Antes: Arquivo Público do Distrito Federal – 1956. Depois: Toninho Tavares/Agência Brasília

Outra obra tocada nesta noite, Água de Beber, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, tem relação direta com o Catetinho. A dupla de compositores brasileiros ficou hospedada por dez dias no edifício, em 1959, para compor a Sinfonia da Alvorada, que seria tocada na inauguração de Brasília.

A peça não foi entoada na inauguração por motivos burocráticos. No entanto, a passagem dos artistas rendeu a criação da obra-prima, inspirada em um córrego de água límpida, localizado na mata ao redor do Catetinho.

“A nascente foi nomeada como Tom Jobim, para homenagear essa história”, conta o diretor do museu do Catetinho, Aurentino Ferreira Costa. De acordo com ele, 23 mil pessoas passam pelo local por ano.

Também participaram do evento o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Antonio Coimbra, e a colaboradora do governo Márcia Rollemberg.

Catetinho
Km 0, BR-040
Visitação de terça a domingo
Das 9 às 17 horas
Entrada franca
(61) 3338-8803
Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília