Hugo Barreto
A segunda fase da operação Mr. Hyde, que apura a existência de um suposto esquema para lucrar com a colocação de órteses e próteses sem necessidade em pacientes, chegou ao Hospital Daher, no Lago Sul. Na manhã desta quinta-feira (6), 20 agentes da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), que trabalham em conjunto com oito promotores da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários de Serviços de Saúde (ProVida) e da 4ª Promotoria de Defesa da Saúde (4ª Prosus), apreenderam documentos e computadores, além de levar sete pessoas para depor sob condução coercitiva.

Com a autorização da 2ª Vara Criminal, policiais e promotores cumprem os sete mandados de condução coercitiva, incluindo o dono do hospital, José Carlos Daher, e cinco de busca e apreensão. Na mira estão médicos, empresas e hospitais que teriam causado um prejuízo superior a R$ 30 milhões e feito cirurgias sem necessidade em mais de 60 pessoas, usando às vezes até equipamentos com validade vencida.


“As primeiras gravações já faziam referência ao Daher. Havia a suspeita na época da primeira fase da operação Mr. Hyde, mas nada comprovado. Os documentos recebidos evidenciaram a participação efetiva do hospital no esquema da máfia das próteses”, afirmou o delegado da DECO, Luiz Henrique Sampaio.

De acordo com o promotor de Justiça Maurício Miranda, o esquema só funciona se hospital, distribuidora e médico estão em conjunto. Denúncias de destruição de provas recebidas pelo Ministério Público foram determinantes para que a segunda fase da Mr. Hyde fosse deflagrada hoje.

Segundo o promotor de justiça, as máquinas estariam passando por formatação. À autoridade, o hospital alegou que alguns computadores haviam adquirido vírus. Agora, as investigações dirão se houve tentativa de destruição de documentos.

Posicionamento

Alvo da ação, o Hospital divulgou nota sobre a operação. “O Hospital Daher recebeu a visita da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira, 6 de outubro. Não fomos avisados ou comunicados previamente do teor da visita e estamos colaborando ativamente com as solicitações realizadas. Tão logo tenhamos informações oficiais sobre o teor das investigações, informaremos de forma ampla à imprensa”, diz o documento.

Segundo informações preliminares, o Hospital Daher foi denunciado por vítimas do esquema. A primeira fase da operação, ocorrida em 1° de setembro, focou apenas o hospital Home, na 913 Sul. Na ocasião, foram presas 13 pessoas, entre elas médicos e membros da empresa TM Medical e foram apreendidos mais de R$ 500 mil em espécie.

Relembre

No dia 23 do mês passado, a denúncia do MP foi aceita pelo juiz substituto da 2ª Vara Criminal, Caio Todd Silva Freire, aceitou a denúncia contra 17 pessoas acusadas pelo MPDFT de integrar a Máfia das Próteses: os médicos Henry Greidinger Campos, Marco de Agassis Almeida Vasques, Eliana de Barros Marques, Rogério Gomes Damasceno, Juliano Almeida e Silva, Wenner Costa Cantanhede, Leandro Pretto Flores, Rondinele Rosa Ribeiro e Naura Rejane Pinheiro da Silva; Johnny Wesley Gonçalves e a mulher dele, Marisa Aparecida Rezende Martins, Micael Bezerra Alves, Sammer Oliveira Santos, Danielle Beserra de Oliveira, Rosangela Silva de Sousa e Edson Luiz Cabral, ligados à TM Medical; e Antonio Marcio Catingueiro, do hospital Home.