Oncologista diz que 20% dos casos registrados de câncer são de mama.

No mês em que acontece a principal campanha de conscientização do câncer de mama – o Outubro Rosa –, a Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou comissão geral sobre a doença. O debate aconteceu nesta quinta-feira (20), no plenário, com a presença de deputados, representantes do governo local e de militantes da área. A importância da informação, a notificação dos casos diagnosticados e a atuação da atenção primária à saúde foram apontados como importantes aliados para o tratamento e o combate ao câncer de mama.

De acordo com a oncologista clínica do Centro de Oncologia Sírio-Libanês (unidade Brasília) Daniele Assad, cerca de 20% dos tumores malignos registrados são na mama, e a doença acomete 55 a cada 100 mil mulheres no Brasil.

O gerente de Cuidados ao Câncer da Secretaria de Saúde do DF, Bruno Sarmento, destacou o aumento do número de diagnósticos de câncer de mama entre as mulheres desta unidade federativa. Ele lamentou que o índice de mortalidade em decorrência da doença também tenha tido um aumento "discreto, mas visível". "Não há um culpado único para isso. Mas é clara a importância de se ampliar a atenção primária", frisou.

Sarmento apresentou o plano oncológico em funcionamento no DF e disse que o acesso à oncologia clínica na rede pública tem levado, aproximadamente, cinco dias. Segundo ele, em 2015, esse prazo era de quatro meses. Além disso, o gerente do GDF afirmou terem sido empregados R$ 8,5 milhões em quimioterápicos em geral no primeiro semestre deste ano.

Já o oncologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB) João Nunes ressalta a importância de se investir em pesquisas. De acordo com ele, a maioria das mulheres diagnosticadas com câncer de mama no Estados Unidos participam de alguma pesquisa, possibilitando não apenas um tratamento gratuito como avanços e registros de patentes na área. "Isso acontece de forma muito acanhada no Brasil", pontuou.

Fragilidades – Na opinião de Thiago Turbay, assessor de Relações Governamentais da Federação Brasileira de Instituições de Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), faltam informações sobre o câncer de mama no País, o que atrapalha a formulação de políticas públicas. "Segundo o TCU, conhecemos 43% do que é câncer no Brasil; ou seja, não conhecemos", criticou.

O deputado Robério Negreiros (PSDB) também reforçou a relevância dos registros e das informações sobre os casos de câncer no Brasil. "Sem registro, não é possível fazer planejamento. Sem planejamento, não é possível fazer gestão", completou.

Além da falta de informações, Turbay criticou o descumprimento da lei que estabelece que o paciente com câncer tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no SUS no prazo de até 60 dias contados a partir do diagnóstico. Ele também lamentou os constantes desabastecimentos de medicamentos em Brasília e sugeriu a redução dos tributos incidentes sobre as medicações de câncer. "Há amparo legal para isso, e vários estados já adotaram essa medida", disse.

Presidindo a comissão geral, a procuradora da Mulher na CLDF, Telma Rufino (sem partido), defendeu ser preciso uma aliança entre o governo e a sociedade civil para combater o câncer de mama.

Denise Caputo - Coordenadoria de Comunicação Social